Portugal e o Prémio Nobel não se dão bem.
Talvez por serem ambos vetustas instituições. Ou por um ter começado com um filho a bater na mãe e o outro com a invenção de poderosos explosivos e ambos se reclamarem do progresso e da paz...
Seja pelo que for, o facto indesmentível é que os laureados portugueses são, no mínimo, controversos.
Ele é o Dr.Moniz que, apesar de ter inventado algo de muito útil e ainda hoje imprescindível para a medicina moderna que é a angiografia, acabou por ser premiado por ter inventado um método de triturar miolos em série a que chamou lobotomia, cujos efeitos podem ser observados, por exemplo, na claque dos No Name Boys ou nos comentários políticos do Pacheco Pereira.
Ele é o Dr. Saramago que foi premiado por escrever sem pontuação e que, num gesto sem precedentes, decidiu prescindir dos serviços de agências publicitárias para promover os seus livros, tendo disso encarregue a Igreja Católica, para o que escreveu nos seus livros coisas sobre Deus que este, nos seus livros, na Bíblia por exemplo, não tinha escrito sobre Saramago, quebrando assim a regra sagrada da reciprocidade.
Em contrapartida, outros portugueses que deviam ter sido premiados nunca chegaram sequer a ser nomeados.
Por exemplo, Manuela Ferreira Leite poderia ter sido nomeada para Prémio Nobel da Economia (de Ideias), por ter conseguido liderar o PSD em três eleições consecutivas sem nesse período ter manifestado qualquer ideia consistente.
Ou António Preto, que poderia ter sido nomeado para o Nobel da Biologia por ter conseguido que estruturas celulares complexas como são os militantes da secção H do PSD se multiplicassem aos 40 em minúsculas provetas T1.
Ou Jerónimo de Sousa, que poderia ter recebido o Nobel da Medicina por ter desenvolvido um sistema que garante a imunidade a qualquer ideia nova.
Ou a Francisco Louçã, que poderia ter recebido o Nobel da Física por, nas últimas autárquicas ter desenvolvido um novo método de prova do axioma de que "tudo o que sobe, desce!"
Mas o que é verdadeiramente lamentável é que não haja categorias dentro do prémio Nobel que, a existirem, seriam seguramente ganhas por portugueses.
Seria o caso do Nobel da Paciência.
Nessa categoria o vencedor seria, sem concorrência séria, um português que há anos a fio atura incompetente atrás de incompetente, lhes abre as portas, lhes abre o caminho, os protege de perguntas indiscretas.
Este português fez da assistência aos diminuídos de ideias uma nobre arte, a que se dedica sem um queixume, quiçá até com uma ponta de orgulho por um voluntariado revelador de uma grande responsabilidade social, amparando até ao fim quem dele necessita, mesmo em estado terminal.
Como já devem ter percebido estou a referir-me ao Zeca Mendonça, o homem do gabinete de imprensa do PSD.
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