sexta-feira, 30 de outubro de 2009

CSI AMARAL 1ª TEMP. Ep. 6 - O ESTRANHO CASO DOS SUBMARINOS

Tenho aproveitado esta minha reforma antecipada para me cultivar. Estou a pensar mesmo em aproveitar as "Novas Oportunidades" para tentar obter equivalências para a muita formação profissional que recebi enquanto polícia, para tentar uma via universitária.
Mas não está fácil.
Não estou a conseguir equivalência para o curso de "Pau-de-arara" que tirei na universidade da PM de S. Paulo, nem para o curso de "Despenhamento de grande altitude" que tirei na Escola de Mecânica da Marinha Argentina. Isto para nem falar no curso de "Garroteamento Avançado" que tirei aqui na vizinha Espanha.
Dizem-me que a culpa é de Bolonha. Mas cá para mim é da burocracia e da nova Ministra da Educação.
Seja como for, o importante é não deixar o cérebro estiolar.
Por isso gosto de fazer as palavras cruzadas do suplemento infantil do Jornal de Domingo.
Não são fáceis. Comecei este exercício intelectual vai para 5 semanas e já resolvi as duas primeiras.
Ai que saudades do tempo em que podia ir à tipografia, mostrar o crachá, entrar, deter o tipógrafo e obrigá-lo a revelar as soluções que sairiam na semana seguinte!
Podia não ser tão intelectualmente estimulante mas relaxava o espírito!
Ah como gostava do cheiro do sangue misturado com o das tintas das rotativas!
Mas, dizia, estava eu absorto na resolução das palavras cruzadas, quase a descobrir qual o rio de quatro letras, começado por T e acabado em O que banha Lisboa, quando o telefone tocou!
Merda, é sempre a mesma coisa! Depois de desligar de certeza que não me vou lembrar que era o rio Tino!
Mas algo no toque me dizia que era urgente.
Atendi.
Era "Ele", aquele cujo nome não se pode pronunciar, até porque pode ser escutado pelo gabinete do "Outro". Mas por certo já perceberam que estou a referir-me ao Mais Alto Magistrado da "Coisa", o Chefe Supremo "Daquilo que Vocês Sabem"!
(Como podem ver mantenho intacta a qualidade nº 1 de um polícia: a discrição, a ponto de nenhuma escuta perceber que me estou a referir ao Presidente da República).
Senti-o preocupado. A voz arfante poderia significar que estava a comer bolo-rei de boca aberta. Mas a minha intuição dizia-me que não, que era um ataque de asfixia democrática, provavelmente apanhada por contágio de uma embuçada que tem frequentado o Palácio nos últimos tempos.
Disse-me:
"Escute... aliás... oiça, repito... oiça bem porque só posso dizer isto uma vez:
Os submarinos preocupam-me. Tenho suspeitas.
Averigue e mantenha os cães pisteiros e os jornais ingleses longe disto.
E não me destrua o quintal do Murat pela 72ª vez!
Agora destrua esse telefone tal como eu vou destruir este.
CRÁSKÁBUM!"
Por momentos hesitei. Tinha um grande afecto pelo meu telefone. Tinha-o trazido da extinta e prestimosa Legião e no seu lado direito (claro) era ainda bem visível o desenho de um bacalhau, feito à mão pelo saudoso Almirante Tenreiro (que Deus tenha na glória do Seu aquário preferido).
Mas tinha de ser. Há instruções que são ordens!
Saquei da Magnum e de um magnum chocolate e morango, mirei-o bem entre o bocal e o auscultador e disse-lhe "Come on phone... Make my day!". Atirei-lhe com o gelado e, com  o cano da Magnum na boca, fiquei a ver o chocolate derreter e lenta mas irreversivelmente danificar os circuitos do para sempre mudo telefone.
Pus-me em campo.
Comecei por descobrir que o negócio original consistia na compra de 2 submarinos da classe 209, semelhantes a este:      



Entretanto consegui obter fotos dos submarinos que nos iam ser entregues:




De novo a minha intuição avisou-me de que algo não estaria bem...

Passei horas a observar as provas fotográficas até que, de repente, num daqueles rasgos momentâneos que só consigo atribuir a inspiração divina ou a gases, fez-se luz no meu espírito.
Os submarinos não eram os mesmos! Os nossos não tinham periscópio!
E a tecnologia não me parecia alemã, até porque não via em lado nenhum  o logo da Volkswagen.
E as minhas suspeitas confirmaram-se!
Com a ajuda do Google maps e de um senhor retornado que tem um quiosque no Centro Comercial do Martim Moniz consegui fotos secretas dos testes des mar dos nossos submarinos, que hoje vos revelo:



Mais uma vez o meu sexto sentido policial não me traiu. A simples visão do facies destes engenheiros navais prova que não são alemães. Qualquer um percebe que deverão ser sul-africanos.

A tramóia estava em vias de ser desmontada.

Só me faltava saber para onde tinham ido os 197 milhões de euros pagos antecipadamente,

Mais uma vez pude fazer uso da minha teia de informadores.
Através de um indivíduo que é guarda-livros de um restaurante chinês que vende para fora, tive acesso à contabilidade da empresa que vendeu os submarinos.
Algumas facturas levantraram-me algumas suspeitas.
Por exemplo esta:



Ou esta:


Ou sobretudo este:

Mas a solução final do problema surgiu com uma factura em branco em cujo verso se podia ler:

1 Branqueamento dentário: € 196.999.023

Elementar meu caro Moita Flores! A trama estava à vista!

Restava-me pedir a um jornalista do Público que se encontrasse com FL num recôndito café das Avenidas Novas, para este levar as notícias a "Ele".
Pela minha parte restava-me regressar às minhas palavras cruzadas onde o rio Tufo me esperava!

E assim vai o país prófundo

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